eu já fiz casa na árvore;
eu já fiz balanço na árvore;
eu já caí do balanço da árvore;
eu já passei uma tarde inteira andando de bicicleta pelo mesmo quarteirão;
eu já comi goiaba sentada na goiabeira;
eu já comi manga com sal;
eu já assei castanha e me queimei na mesma hora com ela;
eu já brinquei de fazer lama dentro do quarto;
eu já brinquei de ser mãe por um dia com meu primo quando era mais novo;
eu já usei roupas e jóias antigas da minha bisavó brincando de madame;
eu já passei um dos melhores natais da minha vida dançando com minha prima;
eu já roubei doces das festas dos meus primos pequenos;
eu já comi jambo direto do pé;
eu ficava do muro olhando o menino mais lindo da rua passar;
eu já passei horas sentada em cima da casa olhando o sol se pôr;
eu já pensei e chorei pela vida deitada em cima da casa.
Dentro dessa minha curta vida passei os meus melhores momentos aí, na casa da minha avó.
Todas as minhas lembranças estavam lá, meus aniversários, os aniversários dos meus primos, os vários bolos que minha avó costumava fazer(e ainda faz mas não na mesma casa).
A casa não está mais, mas era uma bela casa. Grande, ventilada, cheia de pés de frutas, com uma mini-horta, com seus vários gatos convivendo pacificamente com o cachorro Snoopy, com o cantar dos passarinhos no quintal.
Sinto falta!
Sinto falta da casa e da época que as responsabilidades não habitavam minha cabeça.
E sinto falta de toda alegria e contentamento que aquela casa me proporcionava.